23 de fevereiro de 2009

ENTREVISTA a ESTRELINHA...

Dando continuidade ao meu rol de entrevistas às pessoas que representam os meus "outros significativos", apresento Estrela Paulo, treinadora-adjunta da ADC Gualtar e membro essencial na equipa. Promove a interactividade de forma educativa, dinâmica e muito divertida. Procura o bem-estar das atletas sempre através do diálogo. Pessoalmente tem sido um privilégio conhecer cada vez mais as suas qualidades.

Vamos conhecê-la um pouco melhor...

Mélissa: Falamos imenso e já tive muitas oportunidades para a interrogar acerca deste assunto, mas nunca o fiz. Como é que surgiu o futsal na sua vida e qual o seu percurso até chegar à ADC Gualtar?
EP: Enquanto professora de Matemática, e como deves calcular, nunca me passou pela cabeça ligar-me ao desporto.
Sempre pratiquei várias modalidades e sempre tive um carinho especial pela bola, mas daí a entrar desta forma numa modalidade, não estava mesmo nos meus horizontes. Entretanto e com alguma surpresa a ADER Mogege convidou-me a mim e ao Bruno para avançar com um novo projecto e devo dizer que até foi fácil convencer-me porque gosto de desafios.
Após aceitar o convite houve necessidade de desenvolver um trabalho específico, que parecia condenado ao fracasso face às conjecturas que atravessava a ADER Mogege. Nunca deixamos de acreditar e levamos o projecto de 2 anos até ao fim e esse fim coincidiu, precisamente, com a criação do novo projecto na ADC Gualtar.
Mélissa: E desde então está de corpo e alma nesse projecto. Quer descrever-nos de que forma se empenhou e tem empenhado para a existência da nossa equipa?
EP: É mesmo como dizes... de corpo e alma, talvez porque sinta que parte de mim está no projecto.
Olhando para trás, posso dizer que foi tudo muito simples, apesar de ser complexo formar uma equipa. A ideia surgiu da necessidade de juntarmos um conjunto de atletas que na altura se davam bem e que por diversos motivos estavam em equipas diferentes. Tínhamos relações de amizade e não fazia sentido continuar a lutar por emblemas diferentes. Dessa forma, a ideia foi ganhando contornos e depois foi só passar para o papel, criando assim o projecto. Já com o projecto, com patrocinador e atletas, não foi difícil arranjarmos uma equipa a ceder o nome.
Não posso dizer que tive o papel principal, mas reconheço que talvez tenha sido a pessoa que mais acreditou e sentiu que o projecto se ia concretizar. Devo no entanto referir que grande parte das atletas são também responsáveis pelo projecto, e tu principalmente, tornando assim o projecto diferente dos demais, onde cada um tem sempre uma palavra a dizer e um papel definido e importante a realizar.
Actualmente o meu empenho é o mesmo, tal como é o empenho de todos, que se orgulham de partilhar momentos juntos, sejam eles felizes ou tristes.
Mélissa: Apesar de estreantes no campeonato, a equipa tem dado muito que falar. Não acha?
EP: A equipa sempre deu que falar... aliás a equipa ainda não tinha realizado nenhum jogo oficial e já líamos aqui e ali que éramos candidatos a isto e aquilo. Compreendo que as pessoas tenham criado expectativas quando começaram a perceber as atletas que tínhamos e sejamos realistas... estreante só o nome da equipa, isto se olharmos à grande experiência das atletas. No entanto, convém que as pessoas compreendam que uma equipa não se constrói de um momento para o outro e como tal não sentimos qualquer tipo de pressão para conseguir o que quer que seja. Apenas dizer que o grande segredo é a união, é falarmos olhos nos olhos, é sabermos bem o que queremos e qual o caminho e a maior vitória, tal como já disse várias vezes, é estarmos juntos. Acredito que não seja fácil para quem está fora do grupo entender esta nossa linguagem, mas nós sentimos o que dizemos e sobretudo o que vivemos e não é por acaso que nos apelidamos de "família".
Mélissa: A forma como fala denota uma grande entrega e vai também de encontro ao papel que desempenha. Quer falar-nos sobre esse papel? Como é lidar com as "meninas" desta sua nova equipa?
EP: Esta questão não é fácil de responder. Relaciono-me facilmente com toda a gente e o que mais me caracteriza e deixa feliz é a facilidade que tenho em proporcionar o sorriso aos outros. É assim que encaro o dia-a-dia. Transportando isto para o futsal "obriga" a que desempenhe diversas funções, para que o equilíbrio se mantenha, portanto não lhe chamaria papel, porque dou comigo... a ser treinadora, a ser amiga, a ser mãe... às vezes a ser isto tudo!!! E posso dizer que actualmente me sinto feliz com a forma de estar e lidar com as minhas atletas, porque já me conhecem bem e sabem que podem contar sempre comigo. Para mim são as maiores... por tudo aquilo que são e pela constante disponibilidade em ajudarem-se umas às outras. Criam um ambiente no balneário como nunca vi e isso torna-as especiais e merecedoras de tudo o que de melhor existe.
Mélissa: Esta entrevista é para mim um grande desafio devido à grande amizade que fomos construindo fora do futsal. Tem certamente consciência que muito me tem ajudado a crescer nesta minha viragem de vida, ajudando-me a optar pelas decisões mais equilibradas e a escolher os momentos certos para agir. Como tal pedia-lhe para falar da Mélissa que conhece fora das quatro linhas.
EP: Eu conheci primeiro a Mélissa... a menina altiva, fria e de poucas palavras. Depois fui conhecendo a Verdadeira Artista, tal como sempre chamei face à grande qualidade com a bola nos pés. Mais tarde conheci a Mely, a amiga, a jovem-adulta que sabe o que quer.
Tenho tido o privilégio de acompanhar de perto as maiores transformações da sua vida e de ser chamada a dar o meu contributo, para que consiga ser cada vez melhor.
Posso dizer que o que mais a caracteriza actualmente é a vontade constante em evoluir, em crescer... A inteligência que possui leva a desafiar-se a si própria, debaixo de uma personalidade madura, capaz de pensar na melhor forma de vencer qualquer desafio. Vai deixando escapar a sensibilidade, que noutros tempos andava escondida, permitindo-lhe ser menos racional, mas mais ajustada à vida que enfrenta. Já percebeu que a humildade é um atributo que precisa de ter e vai construindo a sua vida, lutando contra os atributos menos positivos que lhe são inatos.
Mélissa: Quando estou em campo sinto que confia e acredita muito em mim. É também das pessoas que mais me exige. Gostaria que comentasse tal facto...
EP: És uma atleta de eleição e capaz de num momento de magia resolver qualquer jogo. Já te vi a fazer coisas com a bola que deixam qualquer pessoa de boca aberta. É uma delicia ver-te tratar tão bem a bola. Só posso ficar feliz por poder contar contigo. Eu e todas as pessoas da equipa confiamos e acreditamos sempre em ti... já te mostramos isto imensas vezes. Só que o talento tem um preço e como tal, o que te tento sempre mostrar é que não podes relaxar nunca mesmo tendo chegado tão longe. É que chegar ao topo não é difícil, difícil é manteres-te lá. É preciso que trabalhes para seres cada vez mais e melhor e também para nunca defraudares as expectativas que as pessoas depositam em ti, principalmente de todas aquelas miúdas que te vêem como um exemplo. É preciso também que saibas ser humilde e aceitar os momentos menos bons, aprendendo a tirar deles as melhores lições.
Reconheço que sou, talvez, a tua maior crítica, talvez porque te digo tudo aquilo que penso e porque sou sempre a primeira a apontar-te os erros, mas também sei que compreendes que aquilo que te exijo é também sequência da disciplina e rigor que impões a ti própria e tu sabes bem que esse é o caminho certo...
Mélissa: Para terminar queria agradecer-lhe tanta disciplina e também pedir-lhe para deixar uma mensagem a todos os que trabalham e acreditam no futsal feminino.
EP: Tal como já te disse por diversas vezes, a melhor forma de me agradeceres o que quer que seja é mostrares-me que hoje és melhor pessoa do que eras ontem e que amanhã ainda serás melhor... esse é o melhor dos agradecimentos. Quanto ao futsal, tornou-se o grande ícone ao nível das modalidades praticadas pelas mulheres, absorvendo em si um grande número de praticantes. Começa a ser demasiado evidente que algo tem de ser feito, sobretudo de forma a valorizar o trabalho que "estes e aqueles anónimos" têm feito e que simplesmente não têm a visibilidade merecida. Não sei se o problema passa pela reactivação da selecção nacional e/ou pela existência de um campeonato nacional. O que me parece é que no dia em que se olhar para a modalidade de forma séria, talvez se descubram as verdadeiras lacunas e como sequência a verdadeira potência que o futsal feminino já representa.
Enquanto nada acontece, ainda bem que há aqueles que trabalham em prol do futsal feminino e que são os primeiros a acreditar... a esses deixo o meu apreço, porque sei que por vezes enfrentam muitas dificuldades e das mais variadas ordens. Que continuem a acreditar tal como eu... porque a esperança está na resposta à questão: "haverá algo mais verdadeiro do que vencer a força com a razão?"

FINALMENTE CONSEGUIMOS....

Ontem foi mais um dia especial... Foi um dia de conquista!!! Ainda não vencemos a taça mas estar na final, após tanto sacrifício e depois de nesta competição termos eliminado duas equipas de grande qualidade, que já disputam esta competição há vários anos, é já uma conquista.
Foi um jogo bem disputado, no qual demonstramos sempre a nossa superioridade e vontade de vencer.
Após 70 minutos de jogadas de perigo, entre elas com bolas nos postes, na trave, na proximidade da baliza e até mesmo no corpo das nossas adversárias, não conseguimos resolver o jogo. Foi necessário recorrer às grandes penalidades, nas quais se fez a justiça do encontro.
Agradeço às minhas colegas pela fé constante que tiveram na equipa e em mim. E para aquelas que ainda não tinham percebido o quanto podem ser importantes na equipa, apenas por não fazerem parte das primeiras escolhas do treinador, ontem foi claro e evidente que surge sempre a oportunidade para darem o seu contributo e ajudarem na vitória.
Em relação ao Vitória SC, os meus parabéns pelas adversidades que nos conseguiram causar e por ter chegado a esta fase, depois de terem eliminado o actual líder do campeonato.
Aos adeptos o meu obrigada pelo apoio nos bons momentos, mas sobretudo nas alturas de maior fragilidade.

15 de fevereiro de 2009

MÉLISSA NOMEADA PARA TROFEU "O MINHOTO"

Mélissa foi mais uma vez nomeada para um prémio. Desta feita a nomeação é na categoria de Futsal e o prémio é relativo aos troféus "O Minhoto", que reconhecem o mérito de atletas, dirigentes, treinadores, árbitros e outros agentes desportivos do Minho.
A XII Gala de entrega dos Troféus "O Minhoto" é já amanhã, pelas 20 horas, em Ponte da Barca.

APESAR da DERROTA...

Ontem foi um dia complicado para mim e para toda a minha equipa. Esperava-nos um jogo muito importante e decisivo, tendo em conta a possibilidade da conquista do título.
Começamos por nos juntar em minha casa, onde passamos mais uma tarde muito agradável. De seguida fomos todas juntas para o jogo.
Já no balneário a música tocava e "acreditar" era a palavra que suava nos nossos ouvidos. E assim entramos em campo, com a fé e força de que éramos capazes de conquistar os três pontos. Infelizmente as coisas começaram por nos correr mal. As jogadas organizadas, os contra-ataques, os remates e todos os outros lances pareciam não sair como habitualmente, no entanto, lutamos até ao fim. Tivemos pena de não retribuir aos nossos adeptos o carinho com que nos têm seguido, mas prometemos voltar a fazê-los sonhar.
À equipa adversária dou os meus parabéns pela exibição e pela regularidade apresentada, até ao momento, ao longo de todo o campeonato.

8 de fevereiro de 2009

ENTREVISTA A NUSKINHA

E para continuar o meu leque de entrevistas aos meus "outros significados" escolhi a minha colega de equipa, Nádia Anusca Franco D'Almeida, conhecida no futebol/futsal por Nuskinha.
É um membro da "família" da ADC Gualtar e um exemplo vivo de que as pessoas não se medem aos palmos. Tem um carácter muito característico devido à sua inteligência e espírito crítico, desta forma luta sempre e naturalmente pelo bem-estar da equipa. É uma jogadora "nata" pois com a bola nos pés torna-se inconfundível. Coleccionadora de todas estas faculdades, fazem dela uma das jogadoras que mais admiro.

Nuskinha na primeira pessoa...

Mélissa: O teu jeito para a "redondinha" não é indiferente a ninguém. Como e quando descobriste que eras diferente?
Nuskinha: Desde que me lembro jogo futebol. A minha infância foi feita a jogar futebol/futsal porque a maioria dos meus amigos eram rapazes e foram eles que me incentivaram e ensinaram a jogar. Sempre joguei com rapazes e só aos 16 anos é que me iniciei como federada numa equipa de futebol 11 de Fafe, no CD Vinhós. Mas talvez se deva também a um factor genético... a minha Mãe também foi jogadora durante muitos anos e dizem que sou muito parecida com ela a jogar, era uma grande jogadora.
Mélissa: De chuteiras ou de sapatilhas, a bola faz parte da tua vida desde muito cedo. Podes dizer-nos qual foi o teu percurso até chegar à ADC Gualtar?
Nuskinha: É verdade, desde muito cedo que jogo, mas nem por isso o meu currículo é assim tão vasto quanto possa parecer. Joguei em muitos torneios de bairro, mas com 10 anos comecei a jogar em campeonatos do concelho de Fafe, com rapazes. Joguei 2 anos pela ACR Restauradores da Granja, onde me ensinaram muito do que sei hoje e mudei para os "Justiceiros", onde joguei mais 2 anos. Como a idade limite era 14 anos para participar nesses campeonatos, estive parada durante outros 2 anos, até que finalmente aceitei o convite da CD Vinhós, já com 16 anos. Aí joguei uns longos e agradáveis 5 anos, até que chegou a altura de mudar para o futsal, neste caso para a ADER Mogege onde joguei 1 época. A convite da equipa técnica e com um projecto bem aliciante, cheguei finalmente à ADC Gualtar.
Mélissa: Visto que já viveste essas 2 realidades, futebol e futsal, sabes certamente dizer-nos o que te fascina nos relvados e nos pavilhões...
Nuskinha: Sim, é verdade, vivi essas 2 realidades e posso desde já dizer que o futsal é muito mais competitivo e bonito de se jogar. Relvados esses foram poucos, visto que a maioria das equipas de futebol 11 não possui verbas nem ajudas para treinar e jogar em relvados, por isso os campos pelados foram mais a minha vida. É certo que joguei muitas vezes em relvados e adoro jogar futebol 11. É bastante diferente do futsal e o que me fascina nos pelados/relvados é a diferença que uma jogadora pode fazer num jogo, visto que na posição onde jogava tinha que ser eu a construir todo o jogo, o que é algo que eu adorava fazer. A visão de jogo que é necessário ter é uma das coisas mais bonitas no futebol 11.
Em relação ao futsal, só jogo como federada há 2 anos, mas posso dizer que as emoções estão mais à flor da pele. Há mais público a assistir, mais equipas, mais competitividade e a verdade é que se joga melhor futsal feminino em Portugal do que futebol 11. Adoro jogar em pavilhão, sempre gostei, e o que mais me fascina de facto é a capacidade táctica necessária que é preciso ter para o poder praticar da melhor maneira.
Mélissa: Com tanta qualidade que te é inerente, não admira que tenhas feito parte da formação das nossas selecções por vários anos. Gostaste da experiência que viveste a nível de selecções?
A Selecção Nacional Feminina é o objectivo de todas as atletas que praticam futebol 11 e futsal, mas a verdade é que nem todas conseguem dar o seu contributo. Este facto deve-se a várias razões, entre elas a falta de "olheiros" e "interessados" nessa mesma formação. Eu tive a sorte de, na altura certa, ter aparecido alguém para me ver jogar e que me chamou para um estágio. É claro que foi uma experiência fabulosa e que sem pensar 2 vezes repetia se me chamassem, mas a verdade é que nem sempre as coisas correram da melhor maneira. Nos 2 primeiros anos que fiz parte da Selecção Nacional, na altura do Prof. Nuno Cristóvão e Prof. Mónica Jorge, havia algo que me fazia sentir com força e garra para jogar fosse em que posição fosse. Mas sabia que ambos tinham conhecimento que a melhor opção para mim como jogadora era jogar a "número 10", independentemente da minha altura. Adorei essa fase e com a saida do Prof. Nuno Cristóvão muita coisa mudou. No meu último ano juntou-se ao projecto o Mister José Augusto e aí as coisas já não correram tão bem para mim. A maneira de jogar implementada não estava de acordo com o que tínhamos aprendido até então e a meu ver, muitas jogadoras foram prejudicadas por isso, mas o que é certo é que fomos a primeira Selecção Feminina portuguesa a passar uma 1.ª fase de apuramento para o Campeonato da Europa, onde já não estive presente. A partir de então a minha história na Selecção está num intervalo e espero que em breve possa voltar, porque como tu bem sabes, é um orgulho muito grnde representar o nosso país.
Mélissa: Falando de futsal... vou colocar-te uma questão que me suscita muita curiosidade porque me sinto triste em relação à realidade do futsal feminino no nosso país. Tu enquanto atleta, certamente sentes que o teu dom inato para a bola não é totalmente aproveitado, dado que os clubes em Portugal disponibilizam, em média, apenas 2 treinos por semana. Peço-te que comentes este facto e aproveites para nos dizer que nível gostarias que o futsal feminino atingisse. Nukinha: Hoje em dia, em alguns paises, o futebol/futsal feminino é profissionalizado, mas o mesmo não se passa em portugal. A verdade é que isso torna qualquer desporto mais apoiado e apreciado, mas o problema não é bem esse. Eu penso que em portugal a federação não aproveita os talentos das atletas feminias, ainda mais se forem jogadoras de futsal. O patamar ideal era a profissionalização, pois todas as atletas têm outra vida para além do futebol/futsal e por vezes têm de lutar contra tudo e todos para poderem fazer o que mais gostam. É uma verdade, o nosso talento é muito mal aproveitado pelos demais, pois é com muito esforço que apenas duas vezes por semana os clubes treinam para que no fim-de-semana consigam mostrar a quem assiste o seu melhor. Agora com o que temos, bastava um pouco mais de apoio e com a existência de uma Selecção Nacional feminina de futsal, talvez a evolução deste desporto em Portugal fosse grande, permitindo a aposta de patrocinadores nas equipas.
Mélissa: Voltando à nossa realidade e ao nosso campeonato... quando abraçaste o projecto da ADC Gualtar sabias que eu fazia parte dele e apesar de não me conheceres, já tinhas uma vaga ideia sobre mim. dado que já te falei sobre ti na apresentação da entrevista, descrevendo-te da forma como te vejo e admiro, penso que seria justo partilhares o que pensas sobre mim. Sem vergonha e com sinceridade...
Nuskinha: É verdade. Sabia que farias parte do projecto e sem dúvida que fiquei bastante agradada. Não te conhecia como pessoa, apenas como atleta e tenho a certeza que qualquer atleta gostaria de fazer parte de uma equipa onde tu também estivesses. Não posso esconder que tinha um pouco de receio pelo nosso relacionamento, pois do pouco que te conhecia fora do campo e do muito que me conheço, sabia que talvez pudessem existir incompatibilidades. A verdade é que isso não aconteceu e agora posso dizer que te admiro muito pelo que és fora do campo, pois estás sempre disposta e disponível para ajudar quem precisa e nunca falhas aos teus compromissos. És uma adulta com 19 anos, bastante independente e responsável. Dentro de campo acho que não há muito para dizer... és uma jogadora fantástica, com bastante potencial em todos os níveis e tens muita auto-confiança, o que é o teu maior estímulo. Um senão é o facto de andares sempre lesionada, o que na minha opinião talvez se deva ao facto de, dentro de campo, não conseguires descortinar a altura em que deves parar de fintar. Por vezes isso só te prejudica a nível físico e táctico, mas com todas as tuas qualidades lidas bem com essas situações.
Mélissa: Aproveitando algumas das tuas palavras e indo de encontro ao que foste dizendo, antes do campeonato começar muitos "rumores" surgiram à volta da nossa equipa. Muitos deles eram dirigidos ao facto de ambas fazermos parte desse projecto. Quebramos expectativas negativas e atingimos muitas positivas. Sentes e pensas o mesmo que eu?
Nuskinha: Sim, sim. Completamente. É verdade que esses rumores surgiram, uns com normalidade e outros para tentar enssombrar o projecto. Certamente que toda a gente pensou que seríamos incompatíveis dentro de campo, mas acho que a esta altura do campeonato já provamos aos demais que essa incompatibilidade só existe na cabeça de alguns, talvez daqueles que ainda não tiveram o prazer de ver a ADC Gualtar a praticar o bom futsal que quase sempre tem mostrado.
Mélissa: E tu és uma das grandes responsáveis por esse "bom futsal" e talvez essa seja uma das razões pelo facto de ouvirmos, durante os jogos, chamar pelo teu nome e muitas vezes pessoas desconhecidas, que se deslocam aos pavilhões para te ver jogar. Assim e para terminar, como forma de poderes homenegear todos que te admiram, dentro e fora de campo, pedia-te para deixares uma pequena mensagem a todos quantos sabem reconhecer um verdadeiro talento.
Nuskinha: Sinceramente e sem querer dizer que sou distraída e que não dou valor a quem assiste aos nossos jogos, são raras as vezes que me apercebo disso. para mim é muito difícil concentrar-me no jogo e na bancada ao mesmo tempo, quando jogo abstraio-me de tudo em meu redor. É claro que ouço o público, mas como um apoio e não como uma forma de evidenciar alguém. Adoro entrar num pavilhão e ver que está cheio para nos ver jogar, parece que me sinto mais confiante. E a todos os que nos apoiam, que nunca faltam a um jogo, que estão connosco nos bons e maus momentos e que são sinceros connosco quando devem ser, deixo um enorme obrigada. É um orgulho ter adeptos assim e ver que há pessoas, amigas e conhecidas, que arranjam tempo para nos ver jogar. Espero que façamos algo de maravilhoso, sendo ou não campeãs, mas que vos deixem orgulhosos. Obrigada por tudo!

CONFIANÇA e ALEGRIA

Ontem foi um jogo especial. Especial pela forma como abordamos o jogo, pela forma como jogamos e acima de tudo pela confiança que sentimos. Espalhamos e transmitimos muita alegria e gosto por aquilo que estávamos a fazer.
Realizamos excelentes jogadas, partimos sempre à procura de golos e marcamos por 9 vezes. Apesar da grande consistência defensiva que apresentamos, acabamos por sofrer um golo, devido a um erro defensivo, que será melhorado de forma a evitar futuras situações como esta.
Seguimos assim em grande plano no campeonato e procuraremos continuar a trabalhar e a preparar os jogos que se aproximam.

1 de fevereiro de 2009

ENTREVISTA A CAROLE COSTA...

E dando sequência às entrevistas que venho a realizar, escolhi desta vez CAROLE COSTA, minha colega de selecção e grande amiga.
Carole é das jogadoras com mais potencial a nível nacional. Demonstra uma grande qualidade técnica e uma força fora do vulgar. Destaco também a sua alegria constante, capaz de contagiar todo o grupo.
Por tudo que demonstra ser em campo e também fora dele, ganhou desde cedo a minha admiração, pelo que não hesitei em pedir que partilhasse algumas curiosidades, que vão ter oportunidade de conhecer.

Carole Costa na primeira pessoa...

Mélissa: Ainda te recordas da primeira vez que jogamos juntas? Qual foi a tua primeira impressão acerca de mim?
Carole: Perfeitamente. Foi na minha primeira chamada à selecção da AF Braga. Já tinha ouvido falar de ti porque, tal como eu, jogavas com os rapazes e isso dava que falar (risos). Fomos as duas de equipamento igual e só por aí vi logo que eras boa pessoa (risos). Começou aí uma grande amizade. Em termos futebolísticos já sabes o que penso em relação a ti. Tens uma garra como nunca vi, sabes motivar a equipa e tens uns pezinhos de fazer inveja (risos). Tens tudo para seres uma grande jogadora.
Mélissa: Entretanto já passaram alguns anos. Já partilhamos vários momentos ao nível da selecção, uns melhores, outros piores. Queres destacar algum?
Carole: Já passei muitas histórias da minha vida contigo, quer ao serviço da AF Braga quer ao serviço da selecção nacional, como os almoços de convívio onde tu te viravas para a comida saudável e eu para a "comida de plástico", ups... isto não era para ser dito (risos).
Foram momentos fantásticos, de aprendizagem, que espero durem por muitos e muitos anos.
Mélissa: Sem dúvida que são momentos que ficam para sempre, principalmente pela alegria de estarmos ao serviço do nosso país. E por falar nisso, o que significa para ti representar o nosso país?
Carole: Para mim, representar o nosso país é algo único. O prazer que tenho em jogar futebol, juntamente com a oportunidade de jogar na selecção nacional, faz-me sentir que tenho valor e isso motiva-me para trabalhar cada vez mais e mais, em prol da minha equipa e da selecção nacional. Só quem tem esta oportunidade pode sentir o gosto que dá representar o país, a alegria de pertencer a um grupo tão unido, que luta todos os dias para melhorar o futebol feminino em Portugal, diria mesmo um grupo que faz parte das nossas vidas como uma "família".
Mélissa: E agora seria inevitável falar de ti e do teu clube. Devo dizer que o teu talento se destaca, não sendo de estranhar que tenhas sempre inúmeros convites e inclusive propostas de contratos semi-profissionais. Porque motivo te manténs fiel ao teu clube, a Casa do Povo de Martim?
Carole: Antes de mais obrigada pelo elogio. Sim, é verdade que tenho tido todos os anos convites de equipas e isso deixa-me contente, porque é sinal que gostam do meu trabalho e de me ver jogar. Essa pergunta é um pouco difícil de responder, mas vou tentar... talvez pela CP Martim ter sido a minha primeira e única equipa desde que jogo futebol federado e porque sempre me deu apoio, nos bons e maus momentos. Tenho uma ligação muito grande à equipa.
Sei que és sabedora que ía mudar de equipa este ano, a própria CP Martim também o sabia, porque não era segredo nenhum que este ano o meu desejo era jogar na 1.ª Divisão Nacional, mas por razões de saúde não foi possível concretizá-lo.
Mélissa: Apesar dessa ligação, certamente as tuas ambições não ficam por aqui. Que gostavas mais de realizar a nível desportivo?
Carole: Ainda há muito para fazer pelo futebol feminino português. Em termos pessoais, como já referi, espero jogar num clube da 1.ª Divisão Nacional, espero também ter oportunidade de jogar num clube estrangeiro, para ganhar experiência e também espero continuar a representar Portugal.
Mélissa: Com esses teus desejos, faz parte das tuas perspectivas seres profissional de futebol?
Carole: Sempre tive esse desejo em mente, mas como para já em Portugal isso não é possível, vamos primeiro fazer crescer este nosso país, o que já se tem conseguido e bem, depois mais tarde, quem sabe?! Hoje em dia penso em tirar o meu curso de Ciências do Desporto e manter em paralelo a prática do futebol no meu clube e se possível na selecção nacional, mais tarde o tempo o dirá.
Mélissa: Tal como eu, sabes que o futebol feminino continua a ser o parente pobre no nosso país, o que é uma injustiça para quem gosta e para quem o pratica com toda a dedicação. Que comentário fazes ao actual estado do futebol feminino em Portugal?
Carole: A minha opinião é que ainda há muita coisa para fazer, embora esteja tudo encaminhado para que este país cresça em termos de futebol feminino. Já se notam algumas diferenças neste "novo mandato" na selecção nacional e há que continuar a acreditar, lutar e confiar naqueles que querem o mesmo que nós. Uma maior ajuda aos clubes, a criação de escolas de futebol feminino e a criação de um leque mais competitivo nos campeonatos nacionais, faziam mudar muito o nosso país em termos de futebol feminino.
A palavra certa é mesmo acreditar que também conseguimos, manter a garra que nos é característica e na minha opinião, mais dia menos dia vai mudar.
Mélissa: Já falamos bastante de ti. Agora o grande desafio... não podia deixar de perguntar-te como me vês enquanto pessoa e como caracterizas toda a minha vivência no mundo desportivo.
Carole: Mélissa não seria mais fácil caracterizar-te... és a força em pessoa, lutas por aquilo que acreditas, tens a garra dentro de ti e só descansas quando atinges os teus objectivos. Ainda bem que és assim, porque transmites energia positiva às pessoas que te rodeiam. Tens uns pezinhos maravilhosos e tudo para seres uma grande jogadora.
Mélissa: Para finalizar, queres deixar uma mensagem a todos quantos vibram com o futebol feminino?
Carole: Obrigada a todos que lutam todos os dias pelo mesmo que eu. Vamos continuar a acreditar e a lutar, pois com a nossa força e a força dos outros que se juntam à nossa causa, sairemos desta "guerra" vitoriosos.

SEM LIMITAÇÕES...

Ontem a minha equipa, a ADC Gualtar, realizou um bom jogo de futsal, naquele que foi um excelente trabalho de equipa.
Abordamos o jogo tal como nos foi pedido, pois tínhamos consciência que apesar da equipa adversária, a DEC Arnoso, ser a última classificada do nosso campeonato era uma equipa "lutadora".
Começamos confiantes e também combativas, para conseguirmos alcançar os nossos objectivos. Terminamos a primeira parte com oito golos marcados e nenhum sofrido.
Apesar do balanço positivo muitos aspectos ficaram por corrigir.
E assim foi... a segunda parte foi muito mais viva e agradável para quem assistiu. Algumas atletas entraram muito mais confiantes das suas capacidades e sem receio de irem em busca de mais golos, fruto das palavras adequadas de nosso treinador ao intervalo. Foram corrigidos determinados aspectos e marcaram-se mais 9 golos, tendo o resultado dilatado para 17-0 a favor da ADC Gualtar.
Finalmente pude dar o meu contributo à equipa, sem limitações, o que me fez sentir muito feliz. Mais feliz ainda porque ajudei na vitória, marcando 9 golos, todos eles especiais porque representavam o esforço e o caminho que percorri até recuperar.