14 de abril de 2010

ATÉ ONDE PODE CHEGAR O SER HUMANO...?

No passado Domingo a minha equipa, o SC Maria da Fonte, deslocou-se ao Pavilhão do FC Vermoim, onde realizou o jogo mais decisivo do Campeonato, tendo perdido por 8-5, o que aconteceu pela primeira vez esta época.
Segundo os entendidos tratou-se de um bom jogo de futsal, disputado por duas grandes equipas, mas para mim foi muito mais do que um jogo de futsal. Vivi momentos que nunca pensei serem possíveis. Vi os meus pais e outros familiares serem agredidos enquanto me deslocava para o banco, durante o desconto de tempo. Eles, que tinham acabado de chegar, que não sabiam sequer o resultado, viram-se empurrados e encurralados até serem agredidos de forma violenta e sem explicação. Quer dizer... com a explicação dos vários testemunhos deu para perceber que o facto de alguém ter reconhecido que eram "os pais da Mélissa" foi motivo suficiente para serem interpelados e motivo para juntarem o útil ao agradável, porque afinal eu até estava a jogar com toda a confiança e a minha equipa a vencer.
Senti aquilo que nunca tinha sentido, aliás só não subi à bancada porque a frieza que me caracteriza e as palavras dos que me acompanham fizeram com que me limitasse a gritar "é o meu pai, é a minha mãe". Como se não bastasse fui imediatamente ameaçada, por um dos árbitros, num tom que não considero normal e já ando nisto há muitos anos, que seria expulsa se voltasse a olhar para a bancada. Senti uma revolta muito grande... tal como sentiria qualquer pessoa que visse os pais serem agredidos daquela forma. O jogo continuou mas não me consegui alhear mais da bancada. Se a ideia foi mexer comigo, confesso que conseguiram... Estou habituada às maiores pressões possíveis e imaginárias e lido muito bem com isso. Sou capaz de ir buscar força aos comentários menos positivos, aos assobios, ao que quer que seja, mas mexer com os meus pais é o golpe mais baixo que podem fazer.
Agora, passados alguns dias, convido toda a gente a colocar-se no meu lugar e assim imaginar, mas imaginar só um pouco, do muito que eu senti e vivi. Junto a isto a luta interior que tive de enfrentar, porque sabia da necessidade que tinha em voltar a concentrar-me no jogo, pois a camisola que orgulhosamente visto merece todo o respeito.
Demorei a vir escrever neste meu espaço de partilha, porque precisei de reflectir... de reflectir sobre tudo, de reflectir sobre os sacrifícios que sempre fiz e essencialmente sobre o tempo que dedico diariamente ao futsal. Não vou desistir de fazer aquilo que mais gosto, porque isso é apanágio dos fracos... vou encarar isto como mais um desafio e centrar-me nas palavras que me soaram ao ouvido quando, no fim do jogo, ía a caminho do hospital ter com os meus pais e que agora partilho com todos: "tu consegues mexer com as emoções do público e provocar uma estreita relação entre amor e ódio e isso só está ao alcance de alguns, muito poucos".
Não podia deixar de falar nas minhas colegas de equipa... pela grandeza que mostraram e por tudo o que temos vivido.

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